"Colírio" - John Wilson-Smith (por volta de 1880)

 


Aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e roupas brancas, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas os teus olhos com colírio, para que vejas - Apocalipse 3:18



Dificilmente posso imaginar uma perda maior do que a da visão. O cego não pode mais olhar para cenas familiares ou para rostos amados e queridos; ele está condenado à escuridão perpétua. O órgão primoroso que desempenhou um papel tão proeminente em sua vida está agora inutilizado e o cego depende necessariamente da mão bondosa e orientadora de outra pessoa. Uma privação maior não pode ser concebida.


Hoje, a cristandade perdeu sua visão espiritual. Ficou cega!


Nem sempre foi assim. Nem sempre foi “surda”, nem espiritualmente insensível; mas, infelizmente está assim, como um sistema exteriormente triunfante gabando-se de erudição, riqueza e posição mundana, Aquele que anda entre os sete castiçais de ouro diz a Laodicéia: “Não sabes que és... cego”! Que afirmação solene! E, assim como vemos em Éfeso a Igreja em sua primeira e mais justa fase, também encontramos em Laodicéia sua condição final; enquanto nas histórias intermediárias de Apocalipse 2 e 3 vemos seus vários estágios de declínio espiritual, embora alegres por um brilhante testemunho remanescente nos dias sombrios de Tiatira, e uma expressão ainda mais brilhante e plena em Filadélfia. Mas a tendência, é uma profunda e sempre descendente degradação. O primeiro lapso fatal começou em Éfeso deixando seu primeiro amor. Nada poderia ser mais grave. Trabalho e perseverança, mesmo por causa do nome do Senhor, não poderiam compensar a perda do primeiro amor.


O resultado lento e certo de tal perda é encontrado no absoluto descuido de Laodicéia para com Cristo. Sua verdade, Sua graça, Seus interesses são todos, infelizmente, ignorados impiedosamente, enquanto o eu preenche seu lugar.


Quão triste é relatar, e quão humilhante é sentir, como deveríamos, a desonra e a tristeza trazidas sobre nosso abençoado Senhor, ao aprendermos diariamente o verdadeiro caráter desta fase final de Laodicéia! No entanto, os corações que O amam não podem deixar de sentir ou lamentar a terrível corrupção da melhor coisa já comunicada ao homem. Tais corações são verdadeiramente Filadélfia, e não cessarão de bater até que o Senhor venha.


O amor fraternal deve continuar. Dois fatos demonstram o caráter absoluto desse fato; primeiro a cristandade diz: “De nada tenho falta” e, em segundo lugar e como consequência, Cristo diz: “estou à porta e bato”. Onde não há necessidade sentida, não pode haver lugar para o Senhor. A graça pode bater para sempre enquanto a auto-suficiência reina.


A necessidade de nada é motivo de orgulo, e o que é menos desejado pela cristandade é a santa presença e operação do Senhor.


E o que é Colírio? Uma solução para os olhos. “Compre de mim”, diz o Senhor, “colírio para ungir os olhos, para que você vejas”. Sim, Aquele que a acusou de ser cega pede para ela comprar dEle um colírio, para que os olho cegos possam ser ungidos e a percepção espiritual adquirida. Ouro e roupas brancas também eram igualmente exigidas, e cada item deveria ser comprado. A compra pode ser cara. Certamente deveria existir o humilde reconhecimento da pobreza e da nudez, bem como da cegueira; mas essa foi a indicação dada pelo Senhor.


O que é esse colírio? Como o filme pode ser removido do olho? Como a percepção espiritual pode ser adquirida?


A primeira parte do pagamento é reconhecer sua necessidade, sua queda, sua miséria e admitir que o mundo e o orgulho cegaram e obscureceram os olhos até que, como Isaque no passado, você confunda homem com homem e erro com verdade.


E podemos esperar que mesmo esta primeira parte do preço seja paga pela cristandade? Acho que não! Há muito tempo aquela mão paciente e terna bate nessa porta firmemente fechada e por muito tempo a resposta tem sido: “De nada tenho falto”; por muito tempo a abundância a saciou e o orgulho cegou seus olhos para nos fazer esperar deste sistema caído qualquer humilhação geral; mas Aquele que bate tão pacientemente apela finalmente para pessoas individualmente e generosamente acrescenta: “Se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo”.


Com ele! Exceção encantadora! A quem ouve e abre esta graça será dada! O que a massa orgulhosa esta perdendo, a alma humilde pode desfrutar.


Para tal é vendido este Colírio, este precioso e celestial colírio que produz clareza de visão espiritual e uma bendita apreciação de Cristo como rejeitado e do lado de fora daquela que deveria ser a Sua casa, mas tão inalterado como sempre em Seu amor e graça indescritivelmente pacientes.


A verdadeira percepção de Cristo, quem Ele é, onde Ele está real e moralmente, e o que Ele é em santidade e amor, é o maior e mais importante privilégio do cristão nestes dias de corrupção e dificuldades eclesiásticas. Mas essa percepção tem que ser comprada.




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