O Nome Digno – H. J. Vine (texto escrito em 1924)

É um Nome que abrange graça e glória, amor e santidade, misericórdia e majestade. As numerosas referências a esse nome no Livro inspirado nos conduzem com expectativa, até que finalmente contemplemos seus infinitos esplendores expressando-se plenamente no Senhor Jesus — Jeová, o Salvador. No último livro da Bíblia, naquela parte que mostra o declínio das assembleias por conta da perda do primeiro amor até a indiferença quanto a Cristo, nos mostra aqueles que são aprovados por Deus em meio ao fracasso, pois guardaram Sua Palavra e não negaram o Seu Nome (Apocalipse 3:8). É importante, portanto, conhecer este Nome para que possamos ser leais a ele e, assim, agradar a Deus.

 

Para começar, encontramos a salvação somente através de seu mérito gracioso – “em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos” (Atos 4:12). Nossos pecados nos fizeram tremer ao pensar no dia do julgamento? - Com que alegria refrescante e pacificadora as palavras seguras do Espírito Santo chegam aos nossos corações - "Teus pecados são perdoados por amor do Seu Nome" (1 João 2:12 – Darby). Novamente, nossa fé foi encorajada ao lermos aquelas palavras maravilhosas de 1 João 5:13: “Estas coisas vos escrevi, para que saibais que tendes a vida eterna e para que creiais no nome do Filho de Deus”. Além disso, fomos levados a fazer nossos pedidos conhecidos a Deus naquele Nome precioso através do qual a salvação, o perdão e a vida são nossos. E as palavras não conseguem expressar o profundo regozijo que encheu nossos corações quando descobrimos a verdade e experimentamos a realidade de Mateus 18:20: “Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles”. Temos uma rica causa para cantar:

“Como acordes de música ao ouvido

Trazem acordes de um som alegre,

Há um Nome de graça e amor

Naqueles que Cristo encontrou”.

 

Os servos de nosso Senhor Jesus Cristo também têm esse Nome predominante para sustentá-los em situações do seu dia a dia. Como aqueles no início, “porque pelo seu Nome saíram, nada tomando dos gentios” (3 João 7). A Palavra nos exorta que esses tais devem ser recebidos e ajudados. Eles não “tiram” nada dos não convertidos, pois sustentam a honra do “Nome” daquele a quem servem. Eles pregam em Seu Nome as boas-novas da graça de Deus, como Pedro, eles proclamam: “A este dão testemunho todos os profetas, de que todos os que nele crêem receberão o perdão dos pecados pelo seu nome” (Atos 10:43). Eles também batizam em Seu Nome como lemos no versículo 48: “Ele ordenou que fossem batizados em Nome do Senhor”. Seja a uma milha ou dez mil milhas de distância, seja cercado pelas ciladas de Satanás ou pela fúria de Sua violência, aqueles que servem somente pelo Nome - tendo sua fonte onde Cristo está à mão direita de Deus - anunciam: "Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo”. E se os sofrimentos afligirem esses servos fiéis, eles serão “cheios de alegria e do Espírito Santo”, pois estão servindo no caminho da vontade de Deus, sabendo que o Evangelho é enviado para tirar das nações “um povo para o Seu Nome” (Atos 15:14). Portanto, como outros, eles se regozijam por serem “considerados dignos de padecerem afronta pelo Nome” (Atos 5:41). Este caminho de fé é recompensado ainda agora pela alegria de Deus, assim como o “Bem está!” do Senhor (Lucas 19:17) irá recompensá-lo ricamente no dia vindouro. Nada que é feito em Seu Nome será esquecido.

 

Todos os santos podem certamente compartilhar da doçura peculiar deste caminho, pois está escrito: “Porque a vós vos foi concedido, em relação a Cristo, não somente crer nele, como também padecer por ele” (Filipenses 1:29) e se alegria indescritível está disponível hoje e é encontrada aqui, o que será dito daquele glorioso dia em que aqueles que O serviram na terra verão Sua face, e Seu Nome estará em suas testas? Então, de fato, em todos os redimidos será refletida o esplendor divino a glória de Cristo; Ele será visto glorificado neles, e Sua beleza, brilhando longe através dos vastos reinos da reconciliação e majestade, será admirada neles ao mostrarem as excelências de Seu Nome.

 

Alguém pode perguntar: O que então significa “O NOME”?

Vendo que o Espírito Santo registrou tanto disso nas Sagradas Escrituras, é de fato bom buscar e obter entendimento quanto a isso. O Nome é aquele que estabelece Quem e O que o Senhor é. Tiago declara como “o excelente Nome pelo qual sois chamados” (Tiago 2:7). No Antigo Testamento, pouco a pouco sua riqueza é mostrada, sempre animando o crente com o fato de que seus vastos tesouros acabarão por ser plenamente revelados; e assim aconteceu na Pessoa de nosso glorioso Salvador, nomeado no primeiro capítulo do Novo Testamento, Jesus — Jeová, o Salvador, e Emanuel, Deus conosco; e no último livro inspirado, “o Alfa e o Ômega, diz o Senhor Deus, aquele que é, que era e que há de vir, o Todo-poderoso” (Apocalipse 1:8). No Nome, então, temos uma herança infinita, incorruptível e imperecível aberta para nossa fé tomar posse à medida que crescemos na graça e no conhecimento Dele.

 

Se vários nomes são usados ​​na Palavra, para nos instruir sobre quem e o que Deus é, encontramos todas as suas distinções misturadas em Cristo, e Deus totalmente declarado por Ele. A Bíblia primeiro nos dá o nome de majestade plural, “Elohim”, o Nome do ser de Deus. Fala Dele como “El”, o forte e poderoso. Revela que Ele é “El Shaddai”, o Deus todo-poderoso. Ele nos conta Seu memorial para todas as gerações, Seu maravilhoso Nome pessoal, “Jeová”, que era, que é e que há de vir, e o usa mais do que qualquer outro Nome, cerca de 7.000 vezes. A Palavra de Deus fala dele como “Jah”, o Sublime, e “Adon”, o Senhor e Mestre, e “Ehyeh”, juntamente com outros nomes genéricos, oficiais e compostos. Então, toda a sua grandeza, graça e glória infinitas repousam em Cristo e rendem suas maravilhosas revelações nEle. Ele é a Palavra de Deus, a expressão exata de tudo o que Ele é, o fulgor de sua glória e a imagem do próprio Deus invisível.

 

As harmonias de Seu grande Nome são todas reveladas em Cristo.

 

Deve-se observar que “nome” e “glória” relacionados a um nome estão intimamente associados nas Escrituras, como de fato também estão na linguagem comum. Por exemplo, a menção de um nome como Napoleão ou Alexandre o grande, estão imediatamente associados em nossa mente não apenas a determinada distinção, mas também à fama militar, bem como a certos traços de caráter. Agora, quando Deus desceu sobre o monte e declarou Seu Nome JEOVÁ a Moisés em resposta à Sua oração: “Mostra-me Tua glória”, Ele deu a Moisés uma revelação parcial daquilo que distinguia Seu glorioso Nome, como Ele proclamou: “JEOVÁ, o SENHOR, Deus misericordioso e piedoso, tardio em irar-se e grande em beneficência e verdade; que guarda a beneficência em milhares; que perdoa a iniquidade, e a transgressão, e o pecado; que ao culpado não tem por inocente; que visita a iniquidade dos pais sobre os filhos e sobre os filhos dos filhos até à terceira e quarta geração.” (Exôdo 34:6-8).

 

Podemos notar que o pecado, a transgressão e a iniquidade são mantidos distintos. O último e não o primeiro (como se diz invariavelmente) deveria ser visitado pelas crianças. A diferença é muito importante. Hoje é exortado em 2 Timóteo 2  “Aparte-se da iniquidade (ou injustiça) todo aquele que pronuncia o nome do Senhor”. Esta é uma necessidade se quisermos apreciar corretamente a declaração completa do Nome e da glória agora conhecida em nosso Senhor Jesus Cristo.

 

O apóstolo teve que culpar os santos em Corinto por causa de seu estado não espiritual, mas ele também lhes disse o caminho da melhoria, “contemplando a glória do Senhor com o rosto descoberto” (2 Coríntios 3:18). A referência é ao que foi mostrado a Moisés. Somos transformados ao contemplarmos a glória do Senhor. Alguns cometem o erro do místico e dizem que é contemplar o Senhor na glória. Não, é Sua glória moral; não Sua posição atual. Tendo assegurado a redenção eterna para nós por meio de Seu sacrifício e sangue derramado, e tendo sido ressuscitado dentre os mortos, Ele está verdadeiramente em glória—exaltado à destra do trono de Deus; mas são as maravilhosas perfeições morais que resplandecem nEle, “a glória de Deus na face de Jesus Cristo”, que devemos contemplar. Como estamos separados da névoa e da escuridão da injustiça que não está de acordo com Seu Nome, seremos capazes de contemplar claramente Sua glória, e isso com um efeito muito salutar sobre nossa própria condição. Uma atmosfera limpa e ar puro são sempre benéficos. Repetidamente encontramos este princípio ilustrado no Antigo Testamento; do homem separado, que habita no esconderijo do Altíssimo, como o salmista canta (Salmo 91:1).

 

No entanto, encontramos um contraste em Jonas. Enviado por Jeová aos gentios, sua exclusividade judaica prevaleceu sobre seus sentimentos, e ele não quis ir. Ele sabia algo sobre o Nome e a glória do Senhor, o suficiente para convencê-lo de que Sua misericórdia não se limitava a Israel. Quando, portanto, os ninivitas não foram punidos, porque se arrependeram, Jonas ficou “extremamente descontente” e reclamou ao Senhor: “Não foi isso que eu disse quando ainda estava em meu país? Por isso fugi para Társis, porque sabia que és Deus clemente e misericordioso, tardio em irar-se, e de grande benignidade, e que te arrependes do mal” (Jonas 4:2). Como vemos neste caso, o fato é que Jonas era mais zeloso de sua própria reputação e do seu nome do que o de seu Senhor, e portanto, ele se viu cercado de problemas e tristezas por todos os lados, porque isso o levou a agir inconsistente com o que ele sabia do Nome do Senhor. Muitos hoje estão nessa mesma posição. A fé, no entanto, brilha em Abraão quando ele nomeia o lugar do holocausto, “Jeová-Jiré”; e em Moisés, quando ele chama o Senhor de “Jeová-Rafá”: e nomeia um altar “Jeová-Nissi”; e também Gideão, quando ele levanta outro altar, “Jeová-shalom”; também no doce cantor de Israel quando escreve de “Jeová-rohj” (Jeová é meu pastor - Salmo 23:1); da mesma forma em Jeremias e Ezequiel, ao falarem de “Jeová-tsidkenu” e “Jeová-shamá”; e em outros que conheciam Seu Nome e o aplicavam de forma prática, pois punham sua confiança Nele e agiam consistentemente de acordo com Ele. De fato, no último livro do Antigo Testamento, lemos sobre um remanescente fiel encontrando tudo nEle “os que se lembram do Seu Nome” (Malaquias 3:16), e nos é dito como isso será agradável para Aquele cujo Nome eles tanto valorizavam.

 

Não precisamos fraquejar. O Espírito de Deus nos mostra esse remanescente divinamente aprovado, fresco e brilhante, por habitar juntos sobre quem e o que o Senhor é em si mesmo, em meio às corrupções incorrigíveis do judaísmo no final dos dias do Antigo Testamento, e se Ele também nos mostra no final do Novo Testamento, quando as assembleias degeneraram, aqueles que estão agradando a Cristo em meio ao declínio geral e afastamento da verdade, dizendo-lhes: “Guardaste a minha palavra e não negaste o Meu Nome”. Quão animadoras são essas palavras para os crentes leais. Mas como disse, precisamos conhecer melhor esse Nome, tendo sabedoria e entendimento espiritual em relação ao que ele indica, se quisermos ser consistentes com esse nome e não negar o que ele representa. As crianças são corretamente ensinadas a honrar o Nome de nosso Senhor Jesus Cristo, mas eles são naturalmente incapazes de apreender o que ele envolve. Alguns, vendo a santidade dele, no entanto, podem em seu zelo religioso negar por suas ações a graça desse nome, enquanto outros, que se regozijam em sua graça, muitas vezes correm o risco de serem inconsistentes com sua santidade.

 

O indivíduo é instruído a apartar-se da injustiça se ele pronunciar o Nome do Senhor, e reunir-se ao Seu Nome, aqueles que estão assim separados pelo próprio Senhor podem conhecer Sua presença no meio deles; e juntos com aqueles que com um coração puro invocam o Seu nome, eles também são exortados a “seguir a justiça, a fé, o amor, a paz”, pois essas são as coisas que estão de acordo com esse Nome digno. O verdadeiro servo de Cristo também sai “PARA O NOME”, como vimos, e sustenta sua honra em seus caminhos, bem como em suas palavras.

 

Que possamos seguir fiéis à Tua Palavra e leais ao Teu Nome, achados assim até que Tu venha reivindicar Tua noiva, comprada com sangue. e levados para casa.

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